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… Até à lua

… Até à lua

desabafos que não posso ter contigo ...

Embolia

Têm sido dezenas as vezes que, sem sucesso de continuidade, tenho tentado escrever e lançar para o papel a embolia emocional destes últimos 29 dias. 29 dias que parecem 29 anos. Há 29 dias que não olho para o teu rosto , 29 dias que não contemplo os teus traços que tão perfeitamente conheço decore e que fazem “repeat” na minha mente, 29 dias que não sinto o teu cheiro que tanto me confortava por dentro e dava alma aos meus dias… 29 dias que se transformarão num “para sempre”, e quanto a isso não há nada a fazer . Não há dia que o meu cérebro acorde e que não te imagine a sorrir e a fazer uma careta qualquer… todas as manhãs ainda meio ensonada, dou por mim a pensar que tudo não passou de um pesadelo … e ainda esperançada, olho para o lado direito da cama e lá está a tua almofada vazia , o teu lugar à tua espera, e assim se faz mais um check no calendário dos dias em que não dormimos em “conchinha” envolvidos na temperatura um do outro. Hoje senti coragem de escrever … senti essa coragem enquanto via o nosso filme biográfico que exibimos no dia em que nos casámos. Comecei por rir e terminei lavada em lágrimas. Nunca imaginei como sentimentos tão opostos se pudessem misturar tão facilmente. Senti-te tão perto, tão presente e isso deixou-me feliz e sorridente mas ao aproximar-me do fim senti-me como se tivesse levado com um balde de água fria. Ouvir a frase “só o facto de eu dizer amo-te é por demais importante” foi um baque no peito…  

Não tenho conseguido escrever-te porque efectivamente nada do que te possa “escrever” pode fazer jus ao que sinto e opto pelo lado mais cor-de-rosa da imaginação acreditando que a tua energia, o teu “ser” onde quer que esteja lê todo o meu pensamento e não precisa de o ver escrito. Estás sempre em mim e sabes perfeitamente a intensidade dos meus sentimentos. (Este é mesmo lado cor-rosa da mente). 
Sabes, tenho usado os meus dias para arrumar a nossa casa. A mudança para esta casa foi tão repentina, os últimos meses tão intensos que estava tudo um pouco ao “Deus dará”. Finalmente preenchi os quadros  30x30 da parede com paisagens das “nossas viagens”, arrumei o nosso quarto e imprimi a foto do nosso casamento que mais gostamos… Está à entrada da nossa casa. Ah e consegui finalmente comprar o móvel para colocar nossas garrafas que ainda estavam encaixotadas… garrafas de licores que tão carinhosamente escolhíamos quando íamos de viagem, fosse para fora do país, fosse ali à cidade mais próxima. Adorávamos esse hábito. Ao arrumar cada garrafa revivi cada momento, cada sítio, cada cheiro. Coloquei o móvel mesmo por debaixo da nossa tela de Cuba…

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Está uma verdadeira explosão de cor. A minha irmã diz que parecem os nossos calções de praia ( aqueles que temos aos quadradinhos da 69 Slam). Até acho que tem razão. 

Tenho aproveitado ainda para estar junto de quem me faz sentir mais próximo de ti. Passamos horas a recordar-te, a ver as tuas fotografias … praticamente todas as sextas feiras tenho saído da casa da tia às 6hrs da manhã. Ela vai buscar os álbuns, e uma caneca de chá bem quente e lá ficamos nós horas a fio. Tenho ouvido tantas histórias da tua infância, passado por tantas fotografias de quando eras pequeno que a sensação que tenho é que te conheço desde aí. Fecho os olhos e imagino aquele menino lourinho de olhos verdes e dentes salientes e consigo ver toda a cena do filme. 

As coisas mais básicas do dia-a-dia, tenho-as feito quase que num espécie de homenagem a ti, a mim, a nós. Este fim-de-semana fui buscar os miúdos. Fomos ver o quê? Nem mais! “Star Wars”, bem ao estilo do Paulo Frazão. Havias de ter gostado tanto de ver, meu amor. Por mais que me digam “Ah o Paulo não ia gostar disto ou daquilo”, bem sei que ias. Ias vibrar, voltar a sentires-te um miúdo de 7 anos assim que te sentasses no banco do cinema e começasses a ler George Lucas films. Está bem ao teu nível e mesmo que até existisse algo que te fizesse “comichão” , irias certamente optar pela crítica mais construtiva. Como dizias, “ jamais seria capaz de ser crítico de cinema e destruir em 2 minutos, o que um realizador demorou 2 anos a construir”. Respeito pela realização, acima de tudo e isso era teu. 

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Bem sei que antes de partires o João e o Ricardo contaram-te o filme e descobriste que o Han Solo é morto pelo filho, Kylo Ren… (ias gostar de ver essa cena). Fizemos tantas vezes alusão ao dia que o filme iria estrear, mostraste-me variadas vezes o trailer … essa é uma das coisas que me entristece, o não teres conseguido ver o filme. Queria tanto que o tivesses visto. (O início do filme fez-me lembrar a nossa viagem ao Sahara e a Tatooine, fui logo à procura das nossas fotografias ). 

Combinei com a Bruna um fim de semana de Star Wars cá em casa, vamos ver as edições especiais com as cenas cortadas exclusivas ( a coleção que tu tão carinhosamente tens exposta aqui na sala) . Ela ficou delirante e o Alex disse logo” Se a Bruna vem, eu também venho.” Portanto está feito! ( Irias gostar de participar deste programa). 

Durante estes dias, tenho passado em revista quase que obeceadamente a nossa vida, o que gostaríamos de ter feito e que não fizemos . Houve algumas coisas…

Lembrei-me daquele post que pus no facebook para comprovar a célebre teoria de que estamos a X pessoas de alguém que queremos muito contactar, isto depois de me teres dito que um dos teus maiores sonhos era conhecer o Spielberg e eu o Iñárrittu . Ou ainda a memória daquele fantástico casting que fizemos num dos dias do primeiro internamento, em que escolhíamos o elenco do nosso filme, caso ganhássemos o Euro Milhões. Estávamos na dúvida entre o Javier Bardem e o Christian Bale para personagem masculina principal ( se fosse o Javier, a  Penélope vinha só fazer uma perninha). Falámos na Charlize Theron como a personagem feminina principal mas depois achámos que eu iria conseguir dar bem conta do recado e iria estar à altura. E se o filme era nosso ... Marlene Barreto para personagem principal. Fazíamos questão da presença do nosso “amigo” Clint Eastwood” e esticaríamos o orçamento para chamar a  "senhora" Maryl Streep. Já o "senhor" Steven Spielberg seria recrutado para fazer uma espécie de consultoria/“aconselhamento” de realização… porque o realizador eras TU, claro está . De resto, a equipa técnica seria bem portuguesa … entre amigos realizadores, câmeras, editores, anotadores, iluminadores, perchistas etc , etc iríamos fazer “aquele” produto português. Enfim , isto para te dizer que tenho pensado muito… posto em cheque algumas coisas, rebuscar outras e definir o que é importante para mim agora. Diariamente, tenho feito o exercício de responder a essa pergunta. É tempo de tomar algumas decisões, sair da “zona de conforto”. Viver por ti, viver por mim …. continuar a viver por nós em busca de concretização. 
Tenho pensado como tenho a obrigação de valorizar cada minuto neste mundo com aquilo que me fizer sentir bem, com aquilo que fôr um prolongamento daquilo que gostaríamos de ter conquistado juntos e que o Universo não nos deu oportunidade. 
Também, tenho sonhado imensas vezes com a Dra Luísa … mas ainda não tive coragem de lá ir. Sinto muita vontade de a ver mas não sei como me vou sentir quando voltar a pisar aquele serviço…. os sonhos devem ser a tradução da vontade.
 
Estejas onde estiveres , quero muito que estejas bem … que a tua energia flua com a minha e que continuemos a ser “um só” como tão bem disseste no vídeo. 
 
amo-te tanto, tanto meu anjo… daqui atè à lua. 
 
 

 

 
PS: 
A novidade é que tenho reparado que passo a vida a deixar as luzes acesas por onde passo … e assim que me apercebo volto atrás para as apagar. Acho que porque “te oiço” a reclamar comigo que deixei as luzes acesas mais uma vez e sim, a porta da casa de banho é para fechar. Já sei!